quarta-feira, 11 de setembro de 2013

a base

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já pensou onde começa a decoração? porque é que este ano se vêem flores grandes nas cortinas e no ano passado as mesmas eram como um areal monocromático? Há uma teoria da conspiração que envolve a Bayer, a Johnson e outros que tal, do tipo temos-stock-de-castanho-e-verde-vamos-lá-despachar-isto-criando-uma-tendência-militar. Eu acho que é mais profundo e tem mesmo um fundo científico, sobre o que vamos desejar no futuro e porque compraremos isto e não aquilo. Aqui não vive só a economia e a finança, aqui há pesquisa sobre o desejo e o porquê da escolha - ou não, talvez até as nossas escolhas mais pessoais sejam já também condicionadas a este ponto. 
A Heimtextil, a principal feira europeia no comércio de tecidos por grosso apresentou as tendências do têxteis para 2014-1015. É aqui q tudo começa. Esta é a Base. Este é o latim dos tarecos. 
Dois grandes eixos - como sempre - um tecno, outro mais craft. Ambos subdivididos em outros dois temas cada um. Mas sem fronteiras definitivas; temáticas, esquemas e soluções gráficas ou tácteis passeiam livremente por entre os quatro. Isto é espelho de como o mundo muda aos poucos para verde e eco, é o novo dado adquirido na equação do desenho. 

The Base

did you already thought where deco starts? why this year are fashionable big flowered curtains, and just the year before it was so cool that same curtains were a plain sheer sanded desert? I know about a little conspiracy theory, that involves Bayer, Johnson and friends, a kind of got-a-huge-stock-of-green-and-brown-inks-lets-do-a-military-trend. I think there is more about it, there is a serious research about what we consumers will want to buy next.
Heimtextil Frankfurt, the most important European textile fair, presented already textil trends for 2014-2015. This is where begins. This is the Base. This is this row's Latin.
Two general axis, as always, a technical and a crafty one. Both divided again by two, but without defined boundaries: themes, schemes and graphical solutions come and go, mingling around the four fields. This mirrors how little by little the world becomes greener and eco, this is now a new row on design's equation.



2014-2015 Heimtextil Trends

1.Progress! Olhar para a frente!
O design industrial é mais que nunca impulsionado pela ciencia e pela tecnologia. De modo a acomodar a cada vez maior demanda pelo único e individualizado os designers buscam novos materiais e novas tecnologias: algoritmos computadorizados e outras tecnologias semelhantes facilitam uma produção mais massificada de produtos 'únicos', uma vez que os padrões podem ser impressos aleatoriamente, sem se repetirem.

1. Progress! Look Forward.
A brave new world in which science and technology are the driving forces behind innovation across the design industry. To accommodate the demand for the unique and individualized products, designers increasingly experiment with novel materials and technologies. Computer algorithms and similar technologies facilitate the mass production of customized  goods.


1. Detalhe de Esbat Stitches nº8, por Vaka Valo; 2. Year of the Glitch, por Philip Stearns; 3. KL30, by Yago Hortal; 4.   Bancos Sand, por Kueng Caputo, foto por Paola Kaputo e Linda Suter.
1. Detail from Esbat Stitches nº8, by Vaka Valo; 2. Year of the Glitch, by Philip Stearns; 3. KL30, by Yago Hortal; 4. Sand stools, by Kueng Caputo, picture by Paola Kaputo and Linda Suter.


Para um futuro mais sustentável, a ciência e o mundo natural convergem em novas soluções sintéticas. Alguns designers 'tecnicizam' a natureza cultivando as suas próprias fibras e imitando processos do mundo natural. Começam a surgir novos processos de fiação e tecelagem que resultam em aspectos 'não-intervencionados'. 

Aiming for a better sustainable future, science and nature will merge on new synthetic solutions. Some designers are already 'technicising' nature, growing their own materials, and mimicking nature's own processes. New spinning and weaving ways translate on non intervened, natural looks.

1. Botanical Layers, por SNDCT e Masha Reva; 2. Renda Black Strawberry, por Carole Collet, foto de Christoffer Rudquist; 3. Detalhe de Nurture Studies, por Diana Scherer.
1. Botanical Layers, by SNDCT and Masha Reva; 2. Black Strawberry Lace, by Carole Collet, picture by Christoffer Rudquist; 3. Detail from Nurture Studies, by Diana Scherer.

2. Revive! Olhar para trás.
Com a intenção de experimentar mais autênticas e mais significativas sensações, começamos a apreciar as lições que se tiram do passado, valorizando mais e mais a tradição. 
Na procura de sentido e espiritualidade, as formas simplificam-se e reduzem-se à silhueta mais purista. Como resposta à massificação absoluta, começamos a valorizar objectos com personalidade, que tenham uma história para contar. Nesta busca pelo sentido, os materiais naturais são especialmente queridos pelas suas imperfeições, que os tornam únicos e irrepetíveis.

Revive! Look back.

In the pursuit of more meaningful and authentic experiences we appreciate the importance of learning from the past.
In the search of meaning and spirituality, shapes simplify and became puristic. As a response to absolute mass production, consumers starts to valuing objects with caracter, and a story to tell. On this quest, natural materials and their non perfections are specially appreciated.    

1. Disquiet Luxurians, por Emilie F. Grenier, direcção de arte por Fraklin Till, foto de Jeremias Morandell; 2. Projecto Bambi por Amielia Katze e Grown Creatures por Iris Kloppenburg, direcção de arte e foto como no anterior; 3. Bancos Craftica por Formafantasma, para a Fendi.
1. Disquiet Luxurians, by Emilie F. Grenier, art direction by Franklin Till, picture by Jeremias Morandell; 2. Project Bambi, by Amielia Katze and Grown Creatures, by Iris Kloppenburg, art direction and picture as before; 3. Craftica stools, by Formafantasma, for Fendi.


Desta questa resulta uma estética primitiva mas moderna e actual. A natureza brava, sem nós, as suas formas e texturas, são a mola criativa deste eixo: os desenhadores atentam assim no humilde, no puro, no por-adornar. Primazia aos materiais intocados, por tratar, crus.

From this quest will result a primitive but modern new aesthetic. Wild and coarse nature, without us nature, her shapes and textures do this leitmotiv; designers awake for the humble, the pristine, the unadorned. 

1. Da colecção A/W 2011 de Stephanie Wong, foto de Sean Michael; 2. Cadeira Dhurrie, por Pal Rodenius, foto de Hugh Frost; 3. Tecelagem por Dienke Dekker, e objectos por Ya-Wen Chou, direcção de arte de Franklin Till e foto de Jeremias Morandell; 4. Three Thonets, por Soojin Kang, direcção de arte e foto como no anterior.
1. From A/W 2011 Stephanie Wong collection, picture by Sean Michael; 2. Dhurrie chair, by Pal Rodenius, picture by Hugh Frost; 3. Basket weaving by Dienke Dekker, and Precious Objects by Ya-Wen Chou, art direction by Franklin Till, picture by Jeremias Morandell; 4. Three Thonets by Soojin Kang, art direction and picture as before.

paene requium luxu
Tenho para mim que o luxo, per se e como o tínhamos conhecido morreu (bom, como pelo menos eu o tinha conhecido, acredito que muitos avós se lembram doutras vezes). Mas tipo lázaro, há-de voltar, claro. Voltou sempre. 
O luxo surgiu sempre na história como uma braçadeira de distinção para cima;  no luxo vive quem pode. Hoje, pela mais simples e básica regra civilizacional que é somos todos pessoas, devíamos ser todos, se não iguais, pelo menos mais parecidos. Por isso enquanto alguns passam fome ou vivem na amargura e na tristeza, os outros não podem ostentar. O luxo foi turned down. Continua por aí, mas não é ostensivo: é bom, e bonito, e cada vez mais virado para o único, o exclusivo, o raro e o collectible. E esta linha de produto conduz ao papel cada vez mais importante do comércio justo. É o comércio justo quem tem mais oferta para suprir os critérios do novo luxo. E será esta atitude que fará com que as coisas voltem a entrar nos eixos: quando o consumidor de luxo consumir com justeza e humanismo, quem produzir produz mais, melhor, há-de haver mais gente a produzir, e a balança equilibra. Estarão criadas algum tempo depois, claro, as condições para o velho luxo voltar.

paene requium luxu
I am sure that luxe, as we knew it, is dead ( at least as I knew it, certainly there are out there a lot of grannies that seen this already happening before). But like Lazarus, it will resurrect. Again, like before.
Luxe always popped thru history as a distinguished status sign, at luxe, only lives who can. Nowadays, it is almost immoral to show it: you can't have a wave of sudden hungry and sad people, and keeping showing off. Luxe becomes turned down. It is still around, but is not show off anymore. It´s still well done, and beautiful, and increasing turned to the unique, the rare, the exclusive and the collectible. And this line of desire marries like a glove on fair trade concept: because it is fair trade production that better full fills this new luxe criteria. It will be this new attitude that will recover us from this crisis: when this new luxe consumer starts buying with conscience and humanism, those who produce will produce more, and better. And soon will appear other producers, and the scales will be even. 

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